Segurança

 

 

Á muito tempo que ando para falar neste tema mas como exige especial cuidado e algum conhecimento tenho feito anotações, só.

Muito se tem falado nos últimos tempos de suicídio/morte premeditada entre as autoridades portuguesas (maior percentagem GNR e PSP), questionam-se as causas e chegam á brilhante conclusão que todas as profissões comportam riscos psicológicos. Concordo!

A imagem que temos em Portugal das nossas autoridades é de pessoas que não fazem nada, passam multas e fogem dos ladrões.  Admito que até á pouco tempo tinha a mesma imagem, nem sabia as diferenças de hierarquias. Hoje tenho uma ideia mais aclareada da realidade destes homens e mulheres.

Comecemos pelos contras desta mítica profissão:

  • A farda que deverão encorpar com orgulho é adquirida pelos próprios
  • As míticas botas são bastante caras e terão também que ser adquiridas pelos mesmos
  • As ferramentas de trabalho (algemas por exemplo) não fogem á regra
  • A grande maioria vive a quilómetros de distância da família e amigos
  • Muitos fazem do posto o seu segundo lar
  • Sabem dos seus turnos uma média de 2 dias antes (e mesmo assim sujeito a confirmação/rectificação)
  • Salários baixos
  • Falta de segurança e apoio ( se algo de mal lhes acontece não existe ninguém para os defender)
  • Turnos pouco controlados (horas de trabalho/descanso)
  • Acompanhamento físico/psicológico não existente

(existem ainda muitos outros contras não podendo inumerá-los a todos)

 

Vantagens:

 

  • Ter orgulho na insígnia que transportam
  • Conhecer  (mais ou menos) o código penal e os deveres/direitos de cada pessoa
  • Conhecer vários colegas que na maioria das vezes ficam para a vida
  • Ser respeitado e ter um estatuto perante a sociedade

(haverão mais alguns mas desconheço-os)

 

Conclusão:

Estes homens e mulheres se tivessem mais apoio poderiam exercer as suas funções com mais dignidade e empenho. No entanto na maioria, estas pessoas têm que viver (quase) exclusivamente para a profissão, havendo muitos casamentos "perdidos" pela distância e falta de tempo, amizades apagadas por falta de convivência, famílias que já não partilham o mesmo sorriso porque a distancia ditou o desconhecido, filhos com orgulho nos pais mas sem os conhecerem realmente...

O ser humano cria laços desde os seus primeiros momentos de vida e assim sendo constrói pilares sólidos na sua personalidade  e desempenho de vida. Quando os laços são cortados sem preparação e outros laços não sendo criados surge a vulnerabilidade.

Sendo estes profissionais obrigados a viverem longe de quem sempre lhes esteve perto e sem qualquer tipo de referências a capacidade de controlo deste ser humano desce consideravelmente ao ponto de deixarem de se reconhecer.

Não esquecendo que todas as profissões exigem desafios e que estes militares não são os únicos nesta situação, o alerta fica para o facto de ser uma profissão em que lhes fica "encarregue"a responsabilidade de nos dar segurança.

Como poderá alguém tomar bem conta dos outros se lhe é negado direitos tão básicos?

 

 

 

P.s.  Não quero com isto defende-los de algumas grandes asneiras que fazem, pois como em todas as profissões existem bons e maus profissionais.

 

 

 

sinto-me: a encontrar o aceitavel
publicado por voosdeborboleta às 17:06 | link do post | comentar